Porque Usar e Apoiar?

A Lei de acessibilidade – Decreto lei 5296, de 2 de dezembro de 2004 conceitua acessibilidade como sendo a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.

No que tange a deficiência visual, a importância dos Ambientes Digitais é inquestionável. De acordo com Campbell “desde a invenção do Código Braille em 1829, nada teve tanto impacto nos programas de educação, reabilitação e emprego quanto o recente desenvolvimento da Informática para os cegos” [2001, p.107].

“A construção de uma sociedade de plena participação e igualdade tem como um de seus princípios a interação efetiva de todos os cidadãos. Nesta perspectiva é fundamental a construção de políticas de inclusão para o reconhecimento da diferença e para desencadear uma revolução conceitual que conceba uma sociedade em que todos devem participar, com direito de igualdade e de acordo com suas especificidades”. [Conforto & Santarosa, 2002].

Software livre

Para maior compreensão do projeto linuxacessivel.org é primordial a percepção que estamos concretizando desenvolvimento e aplicabilidade de software livre (GNU/Linux) na acessibilidade para portadores de deficiência visual (surdocegueira).

Em software livre entende-se nas notas de licenciamento do software (GPL) quatro liberdades fundamentais para o desenvolvimento social colaborativo:

  • A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade nº 0);
  • A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo para as suas necessidades (liberdade nº 1). O acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade;
  • A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo (liberdade nº 2);
  • A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie deles (liberdade nº 3). O acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.

Em posse destas quatro liberdades o software livre garante a toda a sociedade acesso ao código fonte dos programas, liberdade de estudar e alterar este código, distribuir as melhorias e executá-los sem qualquer restrição de número de usuários, máquinas ou propósito.

Na sociedade da informação, o sistema operacional é a base de comunicação entre o homem e a máquina. Neste cenário o domínio do código da linguagem do sistema operacional deve ser da sociedade e não propriedade de um.

Projetando para os tempos de uma sociedade colaborativa; no desenvolvimento do software livre existe um eco sistema social. Este eco sistema social colaborativo é chamado de comunidade. Dentro de uma comunidade existem pessoas que trabalham diretamente com o código do programa, pessoas que escrevem documentação sobre utilização, pessoas que contribuem com o suporte a novos usuários, outros que apenas apoiam e divulgam; enfim possibilidade para participar de uma comunidade não depende de conhecimento tecnológico.

O software livre tal como o proprietário necessita de suporte e manutenção. O uso do software livre por usuários, telecentros e redes de inclusão digital podem ser um grande incentivo ao surgimento de indivíduos e empresas locais capacitadas a oferecer estes serviços com o grande diferencial de que toda a renda gerada por estes sejam realmente deles, afinal não existe pagamento royalties. Com o acesso ao código fonte estes indivíduos e empresas podem criar novas soluções para a demanda de sua região e redistribuir estas inovações num continuo desenvolvimento favorecendo toda a sociedade.

Neste entendimento não é correto utilizar dinheiro público para formar e alfabetizar digitalmente os cidadãos em uma linguagem proprietária de um monopólio privado transnacional. Mesmo que as licenças de uso de um sistema operacional proprietário sejam doadas gratuitamente para os programas de inclusão digital, mesmo que seja utilizado um leitor de telas livre ou gratuito, na realidade, o Estado estaria pagando seus professores, monitores e instrutores para adestrar e treinar usuários para aquela empresa.

Portanto em nossa conclusão mesmo que um leitor de tela ou qualquer outro mecanismo de acessibilidade (JAWS) seja licenciado sobre software livre (NVDA) ou gratuito (DOSVOX) este não tem valor social se tiver que ser executado sobre o sistema proprietário Windows. Porque ainda estaremos amarrados nas restrições e embargos impostos pela vontade de um, que é o real proprietário do que pode ou não e como ser executado em seu sistema operacional. Lembrando que a licença para utilizar software licenciados sobre copyright é uma licença de uso e não de aquisição.

Acessibilidade e Usabilidade

“Baseados na premissa de que a interação com interfaces gráficas constitui grave dificultador para o usuário cego.” [Carneiro e Velho 2008].

Ao contrário, temos a premissa de que a interação com ambientes gráficos traz mais benefícios para o usuário do que dificuldades. Ou devemos pensar que para um usuário cego não é necessário monitor? Então devemos pressupor que este também não precisa de espelho?

A utilização de computadores depois da presença da Internet não é mais em uma ilha. Hoje utilizamos e compartilhamos informações nos computadores com todos que nos rodeiam fisicamente e uma tela gráfica com um tema bem desenhado pode ser como uma camisa bonita; eu não vejo mas percebo que agrado.

Além do “sentir-se bem”, a inclusão digital na acessibilidade com ambientes gráficos permite:

  • Utilização dos mesmos programas que todas as outras pessoas utilizam; facilitando o compartilhamento e integração com colegas de trabalho, de escola, amigos e família;
  • Liberdade de instalar e configurar qualquer aplicativo que deseje para realizar uma determinada ação; liberdade de aprender e evoluir sobre a tecnologia e escolher o que lhe é melhor.

E o mouse? Clico onde? Teclas de atalhos, quantas dezenas para memorizar? Usabilidade não é facilidade de uso?

Quando o linuxacessivel.org cita usabilidade e teclas de atalho falamos em quatro combinações que com elas é possível a utilização e acesso a todo sistema:

  • ALT+F1 para ir ao menu principal do linuxacessivel.org;
  • F10 para ir ao menu da janela que possui o foco;
  • ALT+TAB para alterar entre as janelas abertas;
  • Uso das SETAS e da tecla TAB para navegar entre os itens da janela ou pela Internet.

Claramente existem outras teclas de combinação para utilização do linuxacessivel.org mas as classificamos para usuários avançados; assim como um usuário que enxerga e possui um conhecimento a mais na utilização de qualquer sistema operacional faz uso de teclas de combinação para alcançar um atalho.

E graças a incentivos financeiro de Governos, Empresas de software livre, projetos como o linuxacessivel.org e do trabalho de indivíduos o Orca tem avançando em qualidade e inovação tecnológica. Hoje existem o que se chama de “cursores de navegação” que alcançam áreas da tela que uma combinação de teclas não pode ir.

Gratuito

O sistema operacional linuxacessivel.org é e sempre será gratuito. O que garante este estado é a forma como estão licenciados seus componentes sobre GPL. O próprio Ubuntu garante a gratuidade de seu sistema através da carta aberta sobre sua filosofia (About Ubuntu Our philosophy) e sua licença de uso (About Ubuntu Licensing). Portanto ninguém ou qualquer organização pode comercializar o Ubuntu.