Lendo arquivos no formato CHM

por: Luciano de Souza

Ingressar no mundo Linux não é o mesmo que encerrarse em uma redoma. NO mundo, ainda há muito mais computadores a utilizar o windows do que o Linux. Então, parte do sucesso do Linux encontra-se em praticar política de boa vizinhança com o sistema concorrente. Disso são exemplo os arquivos CHM (Microsoft HTML Compiled Help), formato que armazena um conjunto de páginas em HTML, unindo-os em um único arquivo, facilitando a sua distribuição.

É um formato típico do Windows. A Microsoft o criou em 1997 em substituição ao formato HLP. Em geral, ele é utilizado para a construção de manuais ou até mesmo livros eletrônicos. Certo dia, decidi estudar mais seriamente uma biblioteca gráfica denominada IUP, muito comum em programas escritos em Lua. E como Lua é uma linguagem multiplataforma, o pacote distribuído no Windows continha um arquivo denominado IUP.chm, manual para uso da referida biblioteca. Vim para o Linux, continuei a programar em Lua, mas necessitava ler o tal arquivo CHM. O que fazer?

Em primeiro lugar, você deve instalar um programa que nos permite ler arquivos CHM. O seu nome é CHMSEE e você pode instalá-lo com a seguinte linha de comando:

sudo aptitude install chmsee

Isto é tudo de que precisamos. Encontre o seu arquivo CHM e clique sobre ele. Se for aberto outro programa que não o CHMSEE, feche-o e, ao invés de pressionar “enter” sobre o nome do arquivo, acione o menu de aplicações (ao lado do control da direita) e busque, entre as opções do menu, aquela que se refere ao CHMSEE.

Pronto, isso é tudo que precisávamos fazer. Você já pode fechar o arquivo. “Fechar? Mas não fiz nada ao abrir o programa!” Curiosamente, basta-nos abrir e fechar o programa sem fazer qualquer operação. A razão disso é que o CHMSEE não lê os arquivos CHM diretamente. Quando você abre o programa, ele os converte para arquivos HTML convencionais que, com o Orca, podem ser lidos de maneira também convencional. Abrir e fechar o programa é tudo o que necessitamos para acionar a conversão do arquivo. É claro que você poderia explorar um pouco mais a interface do programa. Ela é acessível, mas não muito prática. Melhor mesmo é ler os arquivos HTML produto da conversão. Mas onde estará o produto deste trabalho?

Se você fez uma conversão, o Linux é suficientemente discreto para salvá-la em sua pasta pessoal, de modo que, encerrada a seção, outros usuários não a possam ver. Mas a despeito desta afirmação, você navegará pela pasta e não encontrará nada. É que em sua pasta pessoal, guardam-se segredos. Há pastas ocultas, em geral, criadas por programas, utilizadas para armazenar informações importantes dentro do seu perfil. O nome da pasta é “/home/{usuário}/.chmsee”, onde {usuário} é o nome do seu perfil. Note que antes de “chmsee”, há um ponto. No Linux, as pastas ocultas sempre começam por um ponto.

Supondo que você utilize o Nautilus como gerenciador de arquivos, para fazer exibir as pastas e os arquivos ocultos, clique em “Editar”, “Preferências” e marque a caixa de verificação “Marcar arquivos ocultos e de backup”. Acione o botão “fechar”

Navegue por sua pasta pessoal. Você descobrirá diversas pastas ocultas referentes ao Firefox, ao Thunderbird e, entre elas, ao CHMSEE. Abra-a. Você encontrará a pasta “bookshelf” que, em português, significa “estante de livros, um nome muito apropriado para o que encontrará dentro. Abra-a também. Dentro dela, encontrará as pastas referentes aos conteúdos convertidos. O CHMSEE é um grande conversor, mas não um grande atribuidor de nomes, por isso, você poderá encontrar pastas com nomes estranhíssimos, codificados que não fornecem pistas de seu conteúdo. Não se aflija, abra as pastas e verifique os seus conteúdos. Abri a minha pasta e verifiquei que, de fato, se tratava do meu manual de IUP. Encontrei o arquivo index.html e cliquei sobre ele. Em geral, as páginas de Internet tem como arquivo inicial “index.html”. Então, se deseja ver o restante do conteúdo, é uma boa idéia começar por este arquivo.

Se você desejasse entrar na pasta oculta do CHMSEE sem alterar as preferências do Nautilus, poderia pressionar a combinação de teclas ctrl+F2 que, no Linux Acessível, abre uma caixa para que se digite uma linha de comando. Bastaria escrever “/home/{usuário}/.chmsee”.

Os arquivos CHM não são comuns no Linux. Trata-se de um formato proprietário da Microsoft. Mas se deparar com ele, o CHMSEE o ajudará a desvendar o seu conteúdo.